quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Livro: Adeus Professor, Adeus Professora?



O professor pesquisador e reflexivo

Entrevista com Antonio Nóvoa

O paradigma do professor reflexivo, isto é, do professor que reflete sobre a sua  prática, que pensa, que elabora em cima dessa prática, é o paradigma hoje em dia dominante na área de formação de professores. Por vezes é um paradigma um bocadinho retórico e eu, um pouco também, em jeito de brincadeira, mais de uma vez já disse que o que me importa mais é saber como é que os professores refletiam antes que os universitários tivessem decidido que eles deveriam ser professores reflexivos. Identificar essas práticas de reflexão – que sempre existiram na profissão docente, é impossível alguém imaginar uma profissão docente em que essas práticas reflexivas não existissem – tentar identificá-las e
construir as condições para que elas possam se desenvolver .

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Desafios da escola: uma conversa com os professores

PGM 2 – O PROFESSOR E SUA FORMAÇÃO
Maria Umbelina Caiafa Salgado 1


Introdução
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases – LDB de 1996, o professor é um profissional da educação que deve ter plano de carreira, acesso à formação inicial e continuada e condições adequadas de trabalho. Essas determinações de fato correspondem às demandas do pessoal docente, mas estão longe de ser uma realidade efetiva, neste momento. Não existem dados sistematizados sobre a formação continuada, nem sobre os estados que já criaram e implantaram seus planos de carreira e a avaliação de desempenho. O piso salarial profissional não passou ainda de um tema de discussão e as condições de trabalho apresentam muitas falhas. Mesmo a situação da formação inicial está muito aquém da desejável, havendo em exercício, na educação básica de todo o país, cerca de 1 milhão e 300 mil2 professores que não têm formação em nível superior.
No momento, estão sendo discutidas, em nível nacional, várias propostas de políticas destinadas a superar as deficiências no cumprimento das disposições da LDB a respeito do professor. No entanto, não pretendemos analisá-las neste momento. Nossa intenção é refletir sobre o pressuposto geral que fundamenta o Título VI e o Artigo 67 da LDB3 – o significado da noção do professor como um profissional – e o modo como a formação inicial e continuada pode contribuir para que o professor se perceba como um profissional.
Essa discussão é importante, pois o conceito clássico de profissional encontra-se em crise. Ao
defender a idéia do professor como um profissional, não estaríamos embarcando em uma “canoa furada”? Por outro lado, não estaríamos falando em profissionalização quando o que de fato vem ocorrendo é a proletarização do professor (Santos, 1995), que se vê compelido a realizar trabalhos que fogem às suas incumbências, e que não goza de autonomia pedagógica, nem de reconhecimento social? O fato é que a noção de profissional mudou, e temos necessidade de identificar os aspectos em que mudou.
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

As Novas tecnologias e a Educação


Por ocasião da apresentação da I pesquisa Universo Jovem da MTV, citou-se uma estimativa de que, na idade de ingresso escolar (6 ou 7 anos) uma criança já teria assistido a mais de 3.000 horas de TV. Essa apresentação foi feita em 1999. Quase 10 anos depois, tenho certeza de que a essas 3.000 horas, podemos somar pelo menos umas 1.000 de internet.
E, o que as crianças assistem na TV ou encontram na web? Dinamismo. Isso mesmo. Quem já assistiu um capítulo dos cartoons “A Vaca e o Frango”, “Os Padrinhos Mágicos”, “O Laboratório de Dexter” ou das “Meninas Superpoderosas” vai entender o que digo. Tudo, nos cartoons de hoje acontece com muita rapidez. O enredo, os diálogos, a animação. Tudo é muito rápido. As historinhas mudam de direção a cada cena. É tudo “pá-pum”. Aí, aos 6 ou 7 anos, a criança chega à escola de verdade (na pré-escola a coisa é mais lúdica, portanto diferente). E o que encontra? Uma lousa, um giz e uma professora que vai falando, falando, falando. Resultado: sono, muito sono.
Agora, imaginemos um adolescente que entra no Ensino Médio. Ou um jovem, numa universidade. O cenário é diferente?
Esse é o desafio da escola moderna: usar as novas tecnologias como estímulo ao aprendizado e como ferramenta didática, sem se esquecer de que seu papel é, e sempre será, o de ensinar.
A tecnologia pela tecnologia é até um chamariz. Mas não educa. Cabe a boa escola contextualizar a tecnologia.
Uma lousa eletrônica prende mais a atenção. Mas a qualidade do ensino vai depender da qualidade do professor e não dos bytes do equipamento. Um laboratório de informática (palavra já bem antiga) de última geração é muito importante, desde que o fator humano esteja igualmente atualizado. Ou seja: informatizar sim. Mas, treinar e reciclar professores, também.
Outro enorme ganho que o desenvolvimento tecnológico trouxe à sociedade foi a possibilidade quase infinita para do uso da criatividade. A tecnologia é uma espécie de “Red Bull”, que dá asas à imaginação dos jovens. Hoje, com um PC e uma câmera, um jovem de 14 anos é capaz de fazer um documentário ou um curta-metragem. E se sente motivado fazendo isso. Uma banda de garagem é capaz de produzir sozinha seu CD (que também já ficou velho). Animações, quadrinhos, web, música, cinema, entretenimento, fotografia, arquitetura, engenharia, cálculo, biologia, fóruns, troca de idéias, pesquisa, física. Tudo isso foi democratizado pela tecnologia. O YouTube já tem mais audiência que a TV aberta. E 99% do que está lá foi produzido por pessoas normais, de forma amadora ou experimental.
Essa é talvez a maior riqueza trazida às pessoas comuns pela tecnologia. Ela acabou com a ditadura das celebridades. Hoje, criar é possível a todos. Cabe a escola tirar proveito disso, estimulando a exploração desse mundo que, literalmente, não tem fronteiras.

Artigo publicado na Revista Gestão Educacional de Janeiro de 2009.